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No ano de 2016 o CREAS recebeu muitos encaminhamentos do Poder Judiciário solicitando que adolescentes cumprissem Prestação de Serviço à Comunidade. A equipe teve muitas dificuldades de inserção dos adolescentes nos setores da rede, onde surgiu a parceria com o Centro Dia do Idoso.
Acreditamos que um dos diferenciais para aceitação do trabalho pelos adolescentes foi a acolhida. No primeiro contato dos adolescentes com o Centro Dia, se reuniam a coordenadora do local, o adolescente e a técnica de referência do CREAS. Eles estabeleciam um diálogo, onde os adolescentes colocavam suas expectativas, seus desejos, sentimentos, o local e os idosos eram apresentados. No final do cumprimento da medida socioeducativa havia uma nova conversa, onde eles refletiam e avaliavam a Prestação de Serviço à Comunidade.
Outro fator determinante foi a inexistência de barreiras por parte dos idosos, que mesmo sabendo que os adolescentes estavam lá para cumprir uma medida socioeducativa não julgavam, demonstravam afeto e iniciavam a busca pelo estabelecimento do vínculo.
A execução do trabalho proporcionou à equipe uma experiencia inesquecível de quebra de tabus, nos emociona lembrar, pois com a troca de coordenação do Centro Dia do Idoso no ano de 2017 o projeto foi encerrado. Tivemos resultados muito satisfatórios que nos levam a firmar que por diversos fatores um adolescente comete um ato infracional, mas quando lhe é dada uma alternativa concreta, quando há o acolhimento, troca de sentimentos sem pré-conceitos e vinculação, há mudança de paradigmas e criação de projetos de futuro.
A prática de atos infracionais por adolescentes e o grau de vulnerabilidade em que se encontram tem sido alvo de preocupação a nível nacional. Os problemas envolvendo o envelhecimento e a situação de violação de direitos contra a pessoa idosa configura-se como problema de saúde pública em todo o país. Observando essas duas demandas o Centro de Referência Especializado de Assistência Social e o Centro Dia do Idoso elaboraram um projeto com base no fortalecimento de vínculos e convívio entre jovem e idosos.
A princípio o CREAS tinha uma demanda do Poder Judiciário e não encontrava parceiros na rede socioassistencial que acolhessem o adolescentes autores de atos infracionais para cumprir medida socioeducativa. O Centro Dia do Idoso foi um local que de imediato acolheu os adolescentes, sem julgamentos e pré-conceitos.
O CREAS executa as medidas socioeducativas em meio aberto, possuía um bom contato com o Centro Dia do Idoso, mas a parceria estabelecida para o cumprimento da Prestação de Serviço à Comunidade intensificou o trabalho em rede e serviu de modelo para outros setores que recusavam acolher adolescentes autores de atos infracionais.
- Contribuir para o estabelecimento da autoconfiança
- Contribuir para a capacidade de reflexão
- Possibilitar a construção de autonomia;
- Possibilitar acessos;
- Desenvolver habilidades e competências;
- Fortalecer a convivência familiar e comunitária,
- Diminuir o isolamento social.
Em diário de campo foram registradas as participações dos adolescentes nas atividades diárias com os idosos, as frequências, tarefas realizadas e observações pertinentes. O desenvolvimento do trabalho foi pautado em formas de prestação de serviço à comunidade que garantissem direitos e possibilidades de subjetivação, promovendo a construção de novos projetos de vida e ressignificação, colaborando para um processo de envelhecimento ativo, saudável e autônomo nos idosos.
A prática de atos infracionais por adolescentes e o grau de vulnerabilidade em que se encontram tem sido alvo de preocupação. Os problemas envolvendo o envelhecimento e a situação de violação de direitos contra a pessoa idosa configura-se como problema de saúde pública em todo o país. Observando essas duas demandas o Centro de Referência Especializado de Assistência Social e o Centro Dia do Idoso elaboraram um projeto com base no fortalecimento de vínculos e convívio entre jovem e idosos.
As atividades são permeadas pelo processo dialético, onde a solidariedade intergeracional pode contribuir para reverter não só na quebra de preconceitos sociais frente ao envelhecimento, como na melhoria da qualidade de vida de jovens e idosos, pois a maneira como o indivíduo constrói e interpreta as situações nas relações produzem efeito na sua saúde e bem-estar. As pessoas que vivenciam aspectos positivos nessas relações sentem-se mais positivas em relação a si próprias e ao seu mundo, suportando melhor a doença, o stress e outras dificuldades.
Observou-se fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários, redução da reincidência da prática do ato infracional, redução do ciclo da violência em 66,66% dos adolescentes. Com relação aos idosos, foi verificada diminuição do isolamento social, acesso a experiência e manifestações artísticas, culturais, esportivas e de lazer, desenvolvimento de novas sociabilidades; trocas de experiências e vivências, fortalecendo o respeito, a solidariedade e os vínculos familiares e comunitários em 90% dos casos.
Os dados são impressionantes e seus relatos não menos importantes, observamos Sabrina entrou agressiva e no final deseja continuar cumprindo a medida socioeducativa, a proteção que Eduardo tinha com os idosos, Samuel fazendo vídeo para o idoso Emanuel de dia dos pais, Plínio finalizando a medida socioeducativa afirmando que não iria mais traficar, Diego que elaborou e executou uma oficina de artesanato com os idosos.
*Nomes fictícios.
"Fico imensamente feliz por ter participado desse momento, por ter visto no dia a dia mudanças nos adolescentes, como eles entravam, a postura deles, o carinho com os idosos, o fato deles fazerem uma oficina, participarem de teatro, sentar ao lado dos idosos para auxiliar nas atividades, tudo isso gerou muita alegria. Eu acredito que o convívio de adolescentes com idosos em situação de vulnerabilidade é um grande potencial"
(Thais Aparecida Scanavachia, ex-coordenadora do Centro Dia do Idoso).
Pensar, executar e ver os resultados desse projeto em conjunto com as técnicas do CREAS e o Centro Dia do Idoso foi de crescimento e amadurecimento profissional, pois através de gestos simples houve a efetividades dos objetivos propostos e conseguimos propor aos outros atores da rede que eram resistentes em atender os adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa em meio aberto que era possível, que era fácil!
(Érica Aparecida Estevam, assistente social do CREAS).
