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O Fórum dos Centros de Convivência do RJ é uma prática de movimento social em que compartilhamos experiências, afetos, desejos e inquietações no que se refere a uma política da convivência. No Fórum, somos todos conviventes: usuários, trabalhadores, gestores, familiares, professores, pesquisadores, estudantes, vizinhos, parceiros, artistas, militantes. O que nos move é colocar a convivência no centro da vida para construir uma sociedade sem manicômios. Nossa maior alegria é a delicada arte de produzir encontros!
O crescimento em massa da população urbana produziu um esfriamento das relações humanas. A fragilização dos vínculos afetivos, a solidão, a violência, as desigualdades sociais são problemas que produzem efeitos na saúde mental de toda população. Aqueles que são considerados 'fora da norma' seja lá por qual motivo for estão ainda mais vulneráveis ao isolamento, à indiferença, ao estigma e ao preconceito. Esse quadro tende a acentuar o sofrimento psíquico. Por isso é urgente encontrarmos coletivamente estratégias para enfrentar esses problemas. Os Centros de Convivência e Cultura (CECO) da Rede de Atenção Psicossocial tem como proposta sustentar as diferenças na comunidade. Cada CECO é um CECO, e tem um modo de funcionamento específico para promover a saúde de seu território, mas entendemos que em comum há uma abertura para conhecer o modo de funcionar do outro e que essa troca é potente.
O Fórum dos CECOs nasceu da necessidade de contarmos com um espaço de compartilhamento e conexão entre as práticas dos CECOs do Estado, que antes atuavam de maneira isolada. Os problemas que os Centros de Convivência e Cultura do RJ enfrentam são: a falta de parâmetros para funcionamento do serviço; a inexistência de destinação orçamentária; o reconhecimento e a valorização deste trabalho por parte da gestão que se traduza em investimento financeiro neste dispositivo. Partimos da ideia de que dialogar sobre o trabalho amplia o poder de agir dos trabalhadores. Por isso, o Fórum foi criado para articulação política e fortalecimento das redes de conversação entre os múltiplos atores que compõem esse cenário que é intersetorial. Sua criação foi deliberada na plenária final do I Encontro de geração de trabalho e renda, cultura e saúde mental: políticas públicas, centros de convivência, inclusão social pelo trabalho e programas de arte e cultura, que aconteceu em maio de 2018 na UERJ com mais de 200 participantes ligados a cerca de 70 coletivos e/ou instituições diferentes.
O dispositivo Fórum destina-se a todas as pessoas que desejam conviver e construir uma sociedade sem manicômios.
- Compartilhar experiências artísticas, culturais, de lazer, de esporte, formação, trabalho, economia solidária e de cuidado.
- Refletir e produzir conhecimento sobre essas práticas.
- Desinstitucionalizar a loucura como doença, incapacidade e perigo.
- Desmedicalizar as relações de cuidado.
- Elaborar estratégias em conjunto para enfrentar os desmontes do SUS e outras políticas.
- Promover saúde através da construção participativa de políticas públicas (escrita de carta de propostas, projeto de lei, organização de eventos).
- Fortalecer a comunicação através das mídias digitais e internet visando ao engajamento e visibilidade do movimento para a sociedade bem como a preservação da memória/histórico das ações do Fórum.
- Aprender uns com os outros.
- Ampliar a capacidade de afetar e ser afetado.
- Fortalecer o trabalho coletivo.
- Fazer novas amizades.
- Conviver.
- O Fórum tem três características principais:
1) Abertura. Qualquer um pode participar do Fórum, seja quem for. Somos todos con-viventes.
2)Diversidade. Cada um que vem traz consigo seus coletivos de que é composto, o que torna o espaço diverso.
3)Itinerância. Ele é um movimento em movimento. Cada encontro do Fórum acontece em um espaço diferente, que é decidido no Fórum anterior. Isso faz com que percorrer o caminho até o Fórum seja também um passeio. É o método de pensar com os pés. Temos sempre um anfitrião que recebe um grupo de visitantes. Sentados em roda todos se apresentam, expressões artísticas se manifestam. Há uma pauta local e uma pauta geral. São perguntas de trabalho que costumam disparar os debates: - O que é convivência? Como temos feito e podemos fazer estratégias e centros de convivência? - Qual a melhor relação possível entre CECOs e outros dispositivos? - Como convidamos mais pessoas para este movimento de existir para resistir juntos?
A periodicidade é definida pelo desejo de se encontrar. A média é de 4 edições por ano, podendo durar de 3 a 6 horas, a depender da programação. Comer juntos faz parte da convivência.
Os resultados do Fórum são clínico-políticos:
- Compartilhamento de como acontecem práticas de culinária, grafite, teatro, música, capoeira, ioga, mosaico, bordado, costura, atelier de pintura, tai chi chuan, futebol, dança, poesia, canto, piqueniques nos parques e praças, e blocos de carnaval que tematizam a luta antimanicomial.
- Produção de uma carta de propostas para Centros de Convivência, a partir de 3 eixos: Legislação/Financiamento; Infraestrutura e Formação.
- Produção de projeto de lei 4563/2018 que cria a Política Estadual de Centros de Convivência, apresentado pela Frente Parlamentar em defesa da Reforma Psiquiátrica na Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro.
- Produção de moções de apoio aos movimentos em defesa do SUS.