Escola Politecnica Joaquim Venâncio / Fiocruz

Portfólio de Práticas Inspiradoras em Atenção Psicossocial

Educação inclusiva e uso de substâncias psicoativas: um olhar voltado para a promoção da saúde

O desconhecimento das potencialidades das pessoas com deficiência é um dos entraves para a inclusão social desses indivíduos.
Vitória de Santo Antão - PE
  • Campo do Saber
  • Campo de Prática
  • Público Alvo
Autores: 
WILEM VICTOR DA SILVA SOUSA; Fernanda Jorge Guimarães; Suzany Karla de Araujo Silva; Maria Daniele Teixeira Beltrão de Lemos.
willemvictor2@gmail.com
Instituições vinculadas: 
UFPE / CAV ( Universidade Federal de Pernambuco - Centro Acade mico de Vitoria)
Resumo afetivo: 

Durante o tempo de convivência com os estudantes com deficiência importantes habilidades individuais e coletivas foram percebidas. Muitas dessas habilidades, geralmente, não são observadas por seus familiares e/ou cuidadores e, também, pela sociedade. Assim, tem-se a necessidade de olhar essas pessoas com uma visão mais humana, reconhecendo seus valores e habilidades individuais.
Com base nas experiências vivenciadas no projeto percebeu-se que a escola tem uma grande função no desenvolvimento de habilidades, pois deve sempre buscar se adequar as necessidades de cada aluno.

Verificou-se que se faz necessária a promoção de novas práticas no contexto escolar para a inclusão da temática abuso de substâncias no ambiente familiar e para a conscientização das famílias, as quais possuem papel importante no processo de educação em saúde.

Ademais, o projeto possibilitou a superação de estigmas em relação a pessoa com deficiência e favoreceu a aquisição de saberes para lidar com este grupo.

Durante o tempo de convivência com os estudantes com deficiência importantes habilidades individuais e coletivas foram percebidas. Muitas dessas habilidades, geralmente, não são observadas por seus familiares e/ou cuidadores e, também, pela sociedade. Assim, tem-se a necessidade de olhar essas pessoas com uma visão mais humana, reconhecendo seus valores e habilidades individuais.
Com base nas experiências vivenciadas no projeto percebeu-se que a escola tem uma grande função no desenvolvimento de habilidades, pois deve sempre buscar se adequar as necessidades de cada aluno.

Verificou-se que se faz necessária a promoção de novas práticas no contexto escolar para a inclusão da temática abuso de substâncias no ambiente familiar e para a conscientização das famílias, as quais possuem papel importante no processo de educação em saúde.

Ademais, o projeto possibilitou a superação de estigmas em relação a pessoa com deficiência e favoreceu a aquisição de saberes para lidar com este grupo.

Contexto: 

Durante a adolescência acontecem diversas modificações na vida do individuo e é nesta fase que a personalidade é definida, as variadas modificações propiciam uma vulnerabilidade aos jovens, os quais, muitas vezes, permitem ser influenciados por amigos, pela mídia para experimentar o novo, como as substâncias psicoativas. A adolescência é um período crucial no ciclo vital para o início do uso destas substâncias, seja como experimentação ou como consumo ocasional, indevido ou abusivo. Este comportamento não é distinto para com os adolescentes que possuem algum tipo de deficiência.

As atividades do projeto iniciaram-se em julho de 2013 e são desenvolvidas até os dias de hoje em uma escola de referência em educação especial no município da Vitória de Santo Antão. A escola possui turmas direcionadas a estudantes com deficiência, como também, turmas de inclusão, as quais são constituídas por estudantes com e sem deficiência. Funciona nos turnos manhã e tarde. No turno da manhã, funcionam as turmas de inclusão e no turno da tarde as turmas específicas para estudantes com deficiência. O critério adotado pela escola para a inserção dos estudantes com deficiência nestas turmas se refere ao nível de deficiência. Portanto, em uma turma encontram-se estudantes de diferentes idades e com distintos tipos de deficiência.

O público-alvo atendido pelo projeto foi constituído por estudantes matriculados na referida escola. Todos os alunos participantes apresentam algum tipo de deficiência, mas a partir de 2016, foram inseridos no projeto estudantes sem deficiência, matriculados em turmas de inclusão.

O município localiza-se na zona da mata do estado de Pernambuco, distante aproximadamente 50 quilômetros da capital. Localiza-se em uma região canavieira e possui diversas empresas multinacionais. Além destas, destaca-se indústria produtora e exportadora de bebidas alcoólicas.

Motivações: 

O projeto tem como objetivo promover ações de prevenção ao abuso de substâncias psicoativas com estudantes com deficiência, já que é na adolescência em que o indivíduo é mais propício, e consequentemente influenciado ao consumo dessas substâncias. Isto pode ser explicado por diversos motivos, como por exemplo, é na adolescência que as principais mudanças no corpo começam aparecer e as altas taxas de hormônio no organismo acabam deixando o adolescente muito confuso. Trata-se de uma fase de modificações físicas, emocionais e sociais. Por isso, uma intervenção com esse público alvo pode auxiliar na redução da proporção de adolescentes que consomem substâncias psicoativas. Atualmente, há poucos estudos realizados com pessoas com deficiência. Portanto, o projeto também visa colaborar na produção de conhecimento científico nesta área.

Objetivo: 

O projeto tem como objetivo promover ações de prevenção ao abuso de substâncias psicoativas com estudantes com deficiência. Atualmente, há poucos estudos realizados com pessoas com deficiência. Portanto, o projeto também visa colaborar na produção de conhecimento científico nesta área.

Passo a passo: 

 Inicialmente, a equipe executora do projeto conheceu a realidade da escola, na qual seriam desenvolvidas as ações. Esta fase foi importante, pois todos os membros da equipe não tinham experiências relacionadas a pessoa com deficiência.

Após esta visita, foram selecionadas as turmas com as quais foram desenvolvidas as ações. Para a escolha da turma, levou-se em consideração a faixa etária dos estudantes e o grau de comprometimento da deficiência apresentada entre os mesmos. A seleção da turma ocorre semestralmente.

Durante o planejamento das ações, houve a preocupação de torná-las acessível ao público-alvo, para abordar prevenção do abuso de substâncias psicoativas com os estudantes com deficiência. Desta forma, sempre houve a necessidade de preparar o material em formato acessível para os participantes das atividades.

As ações ocorriam semanalmente. As atividades foram desenvolvidas em formato de oficinas, que permite uma horizontalidade na construção e na execução das ações. As dinâmicas tinham como propósito a reflexão e a participação dos alunos sobre o tema abordado para a construção de um conhecimento coletivo.

As oficinas possuíam diferentes momentos. No primeiro momento, ocorria dinâmica de apresentação e acolhimento dos participantes e do tema a ser discutido, o qual era abordado subsequentemente. Esta abordagem, geralmente, foi conduzida a partir de desenhos, cartazes, fotografias, músicas, vídeos. No último momento,solicitava-se aos estudantes que expressassem sua compreensão sobre o tema abordado. Para este momento, utilizou-se massa de modelar, relatos de vivência, desenhos.

Ademais, solicitava-se aos estudantes que avaliassem a oficina e sugerissem temas.

Antes de iniciarmos as oficinas, é aplicado um pré-teste com a finalidade de analisar osconhecimentos prévios dos alunos sobre os temas que serão abordados. Este instrumento é constituído por afirmativas e os participantes devem assinalar se são verdadeiras ou falsas. Os temas abordados nas oficinas em ordem cronológica foram: O que são Drogas e Tipos de Drogas, em que trabalhamos e debatemos sobre o conceito de droga, tipos de drogas, drogas lícitas e ilícitas; Danos causados pelas drogas, abordando os principais danos físicos e psicossociais; Família e Escola, em que é trabalhada a relação entre ambas durante a vida e crescimento do aluno e sua influência com o uso de drogas; Estratégias de resistência às pressões externas, em que se busca treinar habilidades e competências no estudante para lidar com a oferta de drogas; Fortalecimento de vínculos e apresentação pelo público-alvo do que foi aprendido, em que os alunos apresentam tudo o que eles aprenderam durante o período das oficinas, garantindo uma boa absorção dos conteúdos trabalhados. Por fim, aplicamos um pós-teste para avaliar todo trabalho feito. Este instrumento, também, é constituído por afirmativas verdadeiras ou falsas.

Frequentemente, os estudantes eram estimulados a falar sobre sua realidade. Os materiais sempre foram elaborados com intuito de transmitir com clareza o tema a ser abordado. Com isso se fazia necessário a adaptação dos mesmos para atender a todos os estudantes.

Além das ações, a equipe executora realizava reuniões científicas, que tinham como objetivos planejar e avaliar as ações, aprofundar referencial teórico e discutir artigos científicos relacionados ao tema do projeto.

Conte um pouco mais: 

Desde 2013, participaram das ações aproximadamente 40 estudantes com deficiência, em sua maioria, do sexo masculino, com idade que varia de 10 a 40 anos de idade, e com deficiência intelectual. Ademais, a partir de 2016, com a inserção das turmas de inclusão, participaram 73 estudantes sem deficiência. Dessa forma, o projeto desenvolveu suas atividades com 113 estudantes.

A realização de atividades preventivas para o abuso de substâncias psicoativas torna-se essencial para evitar danos à saúde, tanto para os adolescentes como para seus familiares. A realização das atividades no ambiente escolar possibilitou aos graduandos participantes do projeto uma construção coletiva de conhecimento, enriquecendo a formação acadêmica e profissional. Observou-se que, por vezes, passam despercebidos os riscos que os jovens com deficiência estão expostos em relação ao consumo de substâncias psicoativas, e que a prevenção é efetiva desde que seja praticada sem distinção para inclusão destes jovens ao direito à informação. Percebeu-se que a realização de atividades preventivas ao abuso de substâncias lícitas e ilícitas torna-se essencial para evitar danos à saúde. Problemas irreversíveis podem ser ocasionados pelo abuso dessas substâncias, tanto para os adolescentes como para seus familiares ou cuidadores.

A realização das atividades foi importante para promover informação adequada sobre as substâncias psicoativas aos estudantes com deficiência e, por conseguinte, prevenir seu abuso. Despertou, também, a participação do corpo docente da escola, visando a socialização e a superação das dificuldades que ainda são encontradas no cuidado à pessoa com deficiência.

Dessa forma, as ações colaboraram para incrementar o cuidado à saúde da pessoa com deficiência, bem como estimularam a criação de estratégias acessíveis para abordar o tema para essa população.

Verificou-se que se faz necessária a promoção de novas práticas no contexto escolar para a inclusão da temática abuso de substâncias no ambiente familiar e para a conscientização das famílias, as quais possuem papel importante no processo de educação em saúde.

Ademais, o projeto possibilitou a superação de estigmas em relação a pessoa com deficiência e favoreceu a aquisição de saberes para lidar com este grupo.

Por fim, a prática das atividades no ambiente escolar possibilitou aos graduandos participantes do projeto uma construção coletiva de conhecimento, enriquecendo a formação acadêmica e profissional.