Escola Politecnica Joaquim Venâncio / Fiocruz

Portfólio de Práticas Inspiradoras em Atenção Psicossocial

É Babado, Kyryda!: podcasts de travestis para travestis

Podcast de travestis para travestis, numa linguagem que afeta. A webrádio nunca mais será a mesma, porque É Babado, Kyrida!
Londrina - PR
  • Campo do Saber
  • Campo de Prática
  • Público Alvo
Autores: 
Reginaldo Moreira e Coletivo Elitytrans Londrina
regismoreiraregis@gmail.com
Instituições vinculadas: 
Universidade Estadual de Londrina - UEL
Resumo afetivo: 

“É Babado, Kyrida” é uma revista eletrônica produzida pelo Coletivo Elitytrans, com o objetivo de revelar a diversidade de pontos de vista das pessoas trans sobre a realidade. O Brasil é o país que mais mata transexuais no mundo, cuja a expectativa de vida é de 35 anos. Diante destes dados alarmantes, o programa visa contribuir com a prestação de serviço à toda sociedade, esclarecendo sobre a saúde integral e os direitos desta população, a fim de diminuir os estigmas sociais impostos e mostrar como pode ser rica a convivência com as diferenças.

Contexto: 

O ElityTrans surge em 06 de abril 2012, formado por um grupo de pessoas com o desejo de abordar e trabalhar questões sobre saúde, Direitos Humanos voltas a diversidade sexual e diferenças de gênero na cidade de Londrina. A cidade, que já foi marcada por um ativismo atuante do segmento LGBT, enfrentava a epidemia de HIV/AIDS, na época. Não ter uma representatividade direcionada à população de gays, lésbicas, travestis e transexuais aumentava consideravelmente a invisibilidade dos problemas enfrentados pela diversidade sexual, como a exclusão social, discriminação e as várias formas de violências.

Assim, no período de sua criação, o coletivo, presidido por Melissa Campus, se aproximou de dois integrantes da Cia. Teatro de Garagem, Herbert Proença e Rafael Avansini, que há algum tempo já se reuniam para discutir e pensar sobre as questões LGBT na cidade de Londrina. Os três tinham o desejo de atuar politicamente sobre estas questões, mas não haviam definido os caminhos para esse ativismo. Tal encontro se deu, potencialmente, pela via do teatro. O coletivo, em fase de formação, pensava sobre atividades e ações possíveis a serem desenvolvidas com seu público, formado por travestis e transexuais. Com isso, fazia uma reflexão sobre alternativas para uma militância política que pedia reinvenção e que necessitava coletivizar experiências de vida e gerar conexões das vivências pessoais, muitas vezes solitárias. O teatro como mídia surgia como desejo e possibilidade de criar, narrar e representar outras histórias, a partir de suas belezas, não de seu sofrimento.

O resultado deste encontro de desejos foi que em julho de 2012, se iniciaram as oficinas de teatro na sede do grupo. A proposta era de uma oficina de experimentação e iniciação teatral, mas também de troca das diferentes experiências que se encontravam. Os ensaios de teatro eram momentos de contar as histórias de vida, especialmente de algumas travestis, que foram significativas para as integrantes do coletivo. Eram todas ideias que o grupo queria ver traduzidas na peça de teatro que almejava fazer. Os caminhos seguidos escaparam ao planejamento inicial e foram criando formas conforme o fluxo do desejo e demandas coletivas, que compreendiam o fazer artístico como estratégia de ação política.

Em outubro 2012, um ato foi organizado pelo Coletivo ElityTrans, com o apoio do Movimento dos Artistas de Rua de Londrina (MARL) e outros movimentos parceiros. O Ato era uma ação didática, e artística, em resposta às pichações homofóbicas que estavam na praça Rocha Pombo: “Fora VIADOS! 100% Homofobia”. A proposta era de uma ocupação artístico-política da praça, como forma de voltar a atenção das autoridades para as inscrições homofóbicas, bem como para o exercício de ocupação do espaço público. Contamos então com a apresentação de intervenções da Cia. Teatro de Garagem, da Fábrica de Teatro do Oprimido e Maracatu Semente de Angola, entre outras articuladas pelo MARL. Desde então os trabalhos se intensificaram com o protagonismo através de projetos e outras formas de participação voluntárias, além de outras formas de comunicação para dar continuidade aos trabalhos.

O encontro com o Projeto de Extensão “Plataformas Digitais”, do Observatório de Políticas Públicas e Educação em Saúde, criou um canal de criação de novas narrativas contra- hegemônicas, dando continuidade aos trabalhos como uma renovação da linguagem ativista e política de nossa população de Travestis e Transexuais.
 

Motivações: 

As imagens e as representações da população de homens e mulheres transexuais e travestis na mídia ainda é calcada em estereótipos e estigmas, que, ou as invisibiliza, ou as vincula e veicula à marginalidade, à criminalidade, à disforias e desvios diversos, sem, na maioria das vezes, representar a pluralidade, a singularidade e a subjetividade que as compõem, contribuindo com a estigmatização histórica a essa população, o que acentua na perpetuação dos preconceitos, exclusões sociais, ódio e transfobias.

Historicamente a população LGBTI (Lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis e intersexuais) foi representada da pior forma possível. Os primeiros registros constam nos autos de processos policiais, em que esta população era enquadrada enquanto criminosa. Junto a esses registros, a medicina tentava por métodos questionáveis, nos enquadrar como doentes. Foi somente no ano 1990, que a homossexualidade deixou de ser considerada doença pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e somente agora, em 2018, está em processo de revisão a realocação do capítulo de “transtornos mentais de identidade de gênero” para “condições relativas à saúde mental”, que prevê retirar as identidades dos e das transexuais e travestis do capítulo transtorno mental, porém na atualização do Código Internacional de Doenças (CID), da OMS, previsto para ser publicado este ano, elas ainda continuam como CID-11, na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde.

Sobre tais representações históricas, os autores James Green e Ronald Polito, no livro “Frescos Trópicos: fontes sobre a homossexualidade masculina no Brasil (1870-1980)”, revelam, entre outras coisas, a invisibilidade da população de homens e mulheres transexuais e travestis nos processos históricos, generalizando-os como homossexuais masculinos afeminados. Esses registros policiais e medicinais trazem toda carga de estigmas, na tentativa de criminalizar ou enquadrar esta população como doente, como perigosa, como vidas que valem menos. São nos registros policiais e da medicina que se encontram as primeiras representações da população LGBTI e dessa união entre a medicina e o aparato jurídico-policial.

Os médicos tinham conceitos sobre o que era normal ou anormal, que os orientavam para caracterizar o homossexualismo como doença ou não. Tentavam discriminar os homossexuais como passivos, ativos ou mistos e procuravam também causas para explicar a existência de homens assim, fossem hereditárias, psicanalíticas, biotipológicas ou endocrinológicas. É extensa a aproximação entre médicos e aparato jurídico-policial, cabendo à polícia capturar homossexuais considerados delinquentes e entregá-los a pesquisadores do campo da medicina para “estudos”. Uma vez apanhados pela lei, os homossexuais teriam dois destinos distintos, mas idênticos do ponto de vista do seu resultado: o confinamento. Se o conhecimento médico atestasse sua “doença”, poderiam ser encaminhados para tratamento clínico específico; se não, poderiam ser tratados como criminosos comuns. E, se houvesse uma doença, os médicos também planejariam os “remédios” e as “profilaxias” possíveis ao caso. (GREEN & POLITO, 2006, p. 21).

Vale ressaltar que as experiências da medicina e as intervenções da polícia se deram, no Brasil, sobre a população pobre. Os LBGTs ricos eram poupados dessas estigmatizações e estavam “protegidos” dos deploráveis métodos empregados.

Tal como outros grupos oprimidos da sociedade, eles entraram para a história na precisa medida em que foram detectados, estudados e controlados pelos grupos heterossexuais, dominantes desde sempre no conjunto social. Mais especificamente ainda, foram geralmente os homens pobres, lançados na mais absoluta miséria econômica, os que se viram investigados e esquadrinhados pelas instituições policiais e científicas, sem terem nenhuma condição de se oporem a ter suas vidas e intimidade devassadas. Já os homossexuais masculinos da classe média ou da burguesia do Brasil sempre puderam escapar do cerco policial e médico implacável que foi armado, durante quase todo século XX, buscando classificá-los e condená-los. (GREEN & POLITO, 2006, p. 17/18)

Na imprensa, os LGBTs continuam a ser registrados em jornais, de forma estigmatizada. Sempre da vista de um ponto de uma imprensa elitizada, composta por jornalistas e intelectuais, que de modo vertical, imprimiram seus olhares a esta população, o que corrobora para a manutenção de uma imagem negativa acerca desta população.

Como não é difícil de imaginar, a maioria das fontes acerca dos homossexuais masculinos não foi produzida por eles próprios. Com efeito, levando-se em conta os inúmeros preconceitos e perseguições sofridos pelas minorias sexuais, foram raríssimos aqueles que ousaram deixar testemunhos de próprio punho acerca de sua condição, pelo menos até os anos 1960. (GREEN & POLITO, 2006, p. 17).

Algumas iniciativas de colunas na grande imprensa e boletins gays começam a surgir no final dos anos 70, mas foi somente com a fundação do jornal Lampião de Esquina, no ano de 1978, durante a ditadura militar, pós período do Ato Institucional (AI) 5, que um grupo de homossexuais consegue formatar um periódico mensal, revelando pontos de vista da população homossexual, para a população homossexual.

(...) O Lampião não pretende solucionar a opressão nossa de cada dia, nem pressionar válvulas de escape. Apenas lembrará que uma parte estatisticamente definível da população brasileira, por carregar nas costas o estigma da não-reprodutividade numa sociedade petrificada na mitologia hebraico-cristã, deve ser caracterizada como uma minoria oprimida. E uma minoria, é elementar nos dias de hoje, precisa de voz. (GREEN & POLITO, 2006, p. 183)

Porém, a de se destacar, que no grupo idealizador e produtor do Lampião, não há a participação de homens e mulheres transexuais ou travestis, o que denota, que mesmo sendo uma conquista ao universo LGBTI, deixava de fora, em sua estrutura pensante, a população por nós pesquisada.

O Lampião da Esquina teve duração até o ano de 1981 e fez parte de uma imprensa denominada alternativa e de resistência. A partir do fim da ditadura militar e da reorganização política democrática, as potentes ações dos movimentos sociais suscitaram por um novo tipo de comunicação, cujo conteúdo fosse realizado pelas pessoas que vivenciavam essas transformações, para a reconstrução das cidadanias, das lutas, das leis, tendo a Constituição Federal de 1988, como um importante marco; da criação do Sistema Único de Saúde (SUS), entre tantas importantes pautas na reconstrução da democracia, maculada pelos 20 anos de ditadura militar.

A manipulação midiática, posta a serviço do controle social, esconde que a fracassada e não bem sucedida, que é a maquinaria do capital. Tal maquinaria faz uso de uma lógica violenta, que não dá conta de suportar sujeitos de sua própria história e oferece somente as engrenagens esmagadoras de projetos, sonhos, identidades, singularidades, diversidades, pluralidades... A criação de novos imaginários sociais dos desobedientes, dos criadores da lógica da desobediência civil. Para dar conta de fazer um contraponto a essa fracassada e mal sucedida produção midiática manipulada e tendenciosa à manutenção do domínio da mesma velha elite dominante, são necessários dispositivos em que possam reconhecer esse não lugar da maquinaria do capital, revelando as maquinarias do desejo da população de homens e mulheres transexuais e travestis, seus novos lugares na estética do viver, de produção de novos cuidados, de outros sentidos e de novas imagens. É a desterritorialização e territorialização, a desconstrução de antigos mundos, para o surgimento dos novos potentes mundos, amplos de significados. Esses dispositivos de comunicação radical devem dar possibilidades às pessoas insurgentes, para que proclamem: eu tenho um lugar, eu existo!

Parcerias: 

A estreia deste projeto aconteceu no dia 16 de junho de 2018, na Vila Cultural Alma Brasil, em que o Coletivo ElityTrans realizou uma performance, ressaltando a importância do projeto e a subversão do microfone, que agora passa para as mãos da população de homens e mulheres transexuais e travestis. Elas que sempre foram vistas como objeto de pesquisa, agora são também pesquisadoras dos processos comunicacionais. O primeiro programa foi ao ar pela Alma Londrina Rádio Web - https://www.almalondrina.com.br, no dia 19 de junho do corrente ano. A periodicidade dos programas é quinzenal e ficam disponíveis em podcast, pela veiculadora.

A revista radiofônica “É babado, kyrida!” não só nos oferece uma perspectiva ampla e pedagógica da cultura, da história e da política da população trans, como também movimenta disparadores para o campo prático das ações que impactam de forma direta o ativismo da produção e dos coletivos que se potencializaram nos encontros e desencontros antes, durante e depois de cada reunião, gravação ou edição. Reparar que a frente da produção de uma mídia radical que visa combater os estigmas impostos pela sociedade sobre a população de travestis e transexuais não só da cidade de Londrina, mas como uma proposta de webrádio, vem com uma potência tão forte e tão política quanto os corpos que compõem e já compuseram esta equipe, frente ao desejo de pautar questões do cenário desta população no Brasil, visto que é o país que mais mata pessoas trans no mundo é um desafio, um compromisso, e também um “gozo” trazer os relatos e as urgências que se demandam, num mesmo processo de construção desta revista, também tivemos outras iniciativas que corroboraram de forma positiva para este coletivo, que ora mais lembra um encontros de Divas, um “TravesTea”.

Quase ao mesmo tempo e de forma rizomática, no processo de construção do programa, houve também outras articulações que criaram outras vias de acesso e direitos para a população trans da cidade de Londrina e região, articulações estas como o projeto chamado “Eskuta Trans” e a “Rede de proteção e garantia de direitos da população T” que surgiram junto no período semelhante ao de confecção do “Babado” , onde uma boa parte das pessoas que estavam neste processo, também se encontrariam em outros, formando e fortalecendo essas e outras redes, afinal o coletivo “ElityTrans” , um coletivo que ora se encontrava em inatividade, em menos de 1 ano, já estaria compondo diversas frentes, não só de forma segmentada, mas também unificada.

A energia e a união trazida pelo grupo que se formou nesta iniciativa do “Babado” nos potencializou e de forma direta nos disparou criando novas perspectivas ao que antes parecia impossível, ocupar espaços enquanto travestis, trazer uma rádio revista com propostas tanto ousadas quanto sedutoras, é o que também marca a conexão do programa com esta população, marginalizadas e totalmente excluídas da sociedade, hoje protagonistas de um programa de rádio veiculado pela Web Rádio AlmA Brasil. Absorvemos a mudança deste cenário, justamente por dar oportunidades de diversas pessoas trans virem até o estúdio e gravar sobre as pautas que são urgentes, mas também sobre os detalhes que muitas vezes passam despercebidos na no nosso dia-a-dia. A quem nos ouve sempre vieram críticas positivas e construtivas sobre este processo, esta iniciativa atravessou diversas pessoas que, não só gostaram, mas que se identificaram, e que de alguma forma se sentem parte do É Babado, Kyrida!. O “babado” veio como um norteador de algumas questões além de criar novas oportunidades para as protagonistas deste programa, também nos convida a entender melhor e por em pratica o respeito para com esta população, mostra que não é tão difícil ou impossível quanto parece, e nos indica que há várias formas de ser diferente e que não só as pessoas mas muitas vezes seus participantes querem estar um pouco longe do considerado “normal”.

Objetivo: 
  • Criar um canal de comunicação protagonizados por travestis e para travestis e transexuais;
  • Revelar pontos de vista que até então estavam invizibilizados;
  • Construir novas narravitas acerca da população T, desta vez, por elas mesmas;
  • Estimular a cidadania e participação social, por meio do público participante e ouvinte.
Passo a passo: 

O programa de rádio É Babado, Kyrida! está sendo disparador de outras maquinarias de desejo comunicacionais desta população, que anunciou numa das reuniões de produção da revista, a necessidade de criação mídias audiovisuais, com a implementação de um canal no youtube, para que possam veicular conteúdos de cunho local, de maneira mais informal e bem humorada. As novas possibilidades estão em fase de gestação e sendo planejadas para que em breve sejam concretizadas.

O teatro acompanha o Coletivo ElityTrans e parte das ativistas participam do Grupo de Teatro Translúcidas, dirigido pelo ator e ativista Herbert Proença. Muitas referências dos personagens e da performance no programa de rádio, advém desta bem sucedida experiência, tendo o corpo como mídia de transformação social e política. Além desta experiência, a população de homens e mulheres transexuais e travestis tem investido em Oficinas Drags, denominada TravaClowns, coordenadas pela ativista Melissa Campus.
Como podemos perceber, as ações de comunicação têm tido um efeito disparador para outras ações da militância desta população. O Coletivo ElytiTrans começou um trabalho junto com a

Defensoria Pública e foi criada uma Rede de Proteção e Garantia de Direitos da População Trans de Londrina, em parceria com o Centro Pop, dos viventes das ruas da cidade. A rede está em funcionamento na Ocupação Cultural do Movimento dos Artistas de Rua de Londrina - Canto do MARL – e semanalmente recebe trans para diversas atividades de saúde e cultura. Tais experiências tem sido propostas por docentes e discentes do curso de Psicologia da Universidade Norte do Paraná (UNOPAR), da disciplina Psicologia Social e Comunitária, e desenvolvidos pelos e pelas ativistas do Coletivo ElityTrans, sob o prisma da ótica de mobilização social, considerada elemento importante na construção social dos sujeitos envolvidos. As construções são diversas e abrangem ações de Ciranda, de Cidadania, de Teatro, além da formação de um trabalho em rede entre serviços, profissionais e ativistas, na elaboração de fluxo de atendimento à população de homens e mulheres transexuais e travestis. Todas essas ações se encontram atravessadas por questionamentos éticos e voltadas à construção de formas de enfrentamento às violências que essa população vivencia, bem como a garantia de seus direitos.
 

Efeitos e resultados: 

As contribuições e resultados esperados pelo projeto são inúmeros e abrangem os mais variados aspectos sociais, econômicos, ambientais e científicos, no tocante a criação de mídias radicais de comunicação da população de homens e mulheres transexuais e travestis da cidade de Londrina. Tais resultados e contribuições vão muito além dos esperados junto ao Coletivo ElityTrans, participantes diretamente do projeto, ampliando-se ao público-alvo, que venha acessar os conteúdos publicados nos espaços de veiculação das mídias produzidas. Além dos participantes diretos, percebemos que os discentes e os funcionários da universidade, que de alguma forma se envolvem no projeto, passam a se beneficiar com o convívio e ampliação de alteridade, transformando estigmas, preconceitos; com a ampliação da compreensão da comunicação popular, comunitária, democrática e participativa; com o exercício dos direitos humanos e da cidadania, relacionados a esta população.

Com relação aos aspectos sociais, a realização do programa de webrádio tem se colocado a serviço da diminuição e/ou deslocamento do estigma calcado sobre a população de homens e mulheres transexuais e travestis, contribuindo com a criação de novas imagens desta população junto ao imaginário social, que venham a ampliar os acessos e os direitos diversos, sobre a saúde integral, sobre o próprio corpo, sobre a sexualidade, sobre a identidade, nome social etc. Esses direitos, que via de regra são negados a esta população, interferem nos aspectos econômicos dos envolvidos, que não conseguem ser admitidos no trabalho formal, ou, com sorte, os que conseguem alguma colocação no mercado de trabalho, ficam restringidos a empregos ligados à estética, à moda ou à faxina. Na maioria das vezes a rua e a prostituição acaba sendo a realidade desta população, que se vê obrigada a sobreviver, correndo uma série de riscos, expostos às mais diversas vulnerabilidades.