- Campo do Saber
- Campo de Prática
- Público Alvo
A Terapia Comunitária Integrativa, desenvolvida com os agentes comunitários de saúde de Alfenas, descortinou uma série de questionamentos sobre os sistemas com o qual trabalhamos e o olhar lançado aos seus trabalhadores. Focados na produtividade esquecemos que somos seres humanos e temos nossas imperfeições, anseios e angústias. Antes de atendermos a necessidade do outro precisamos estar minimamente bem, com sentimentos de pertencimento e valorização. A Terapia Comunitária vem para fortalecer estes laços comunitários de união, esperança e proporcionar um caminho mais humanizado e solidário a vida pessoal e ao convívio no trabalho.
O grupo é um local de descobertas. Ao conhecer os caminhos de vida trilhados por outros participantes, podemos ampliar a capacidade de perceber e compreender a realidade, experimentando ajudar e ser ajudado. Descobrimos pessoas atentas às coisas que não imaginamos, pensando e sentindo de forma diferente do que estamos acostumados. É preciso de ajuda para se manter atento às próprias necessidades e aproveitar o que a vida oferece. Afinal, somos construídos na relação com os acontecimentos e com as pessoas. O grupo é aberto a qualquer pessoa interessada em refletir sobre suas experiências. Trata-se de uma postura de valorização da própria vida e do encontro humano, que permite um empenho para compreender, compartilhar e aprender com a própria vivência e com as dos outros.
O curso Caminhos do Cuidado ministrado aos agentes comunitários de saúde em 2015 suscitou muitas angústias e inquietações, tanto em mim quanto nos participantes. Dentre estas inquietações observei o quanto estes trabalhadores apresentavam desânimo, insegurança, desesperança, tristeza, apatia, dentre outros. Percebi que era preciso oferecer um trabalho em que eles pudessem ser ouvidos e "tratados", para que pudessem trabalhar de forma mais tranquila com a comunidade. Começamos então, com as Rodas a Terapia Comunitária Integrativa, oferecendo o CUIDADO aos agentes comunitários de saúde.
A instituição parceira foi a Secretaria Municipal de Saúde de Alfenas que acreditou no trabalho e garantiu a participação dos agentes comunitários de saúde. Através da minha observação, constatei o "pedido de socorro" traduzido através de sentimentos como irritabilidade, choros frequentes, adoecimento mental e físico e faltas frequentes. Profissionais que vivendo sob pressão, de forma a garantir o bom desempenho dos programas, sem que lhes fosse lançado nenhum olhar humanizado.
- Oferecer acolhida e escuta, visando a valorização da própria vida;
- Refletir sobre o cotidiano, sobre angústias e medos;
- Compartilhar experiências;
- Aprender com as trocas dos diversos saberes.
O grupo foi organizado em roda de conversa com duração cerca de uma hora e meia, mediado por dois terapeutas. A reunião é iniciada com um sarau, onde os participantes trazem músicas, poesias, textos, entre outros, e descrevem porque escolheram trazer tal contribuição. São questionados sobre um tema que mais lhe "tira o sono", que mais o angustia. Em seguida, compartilham experiências de vida e refletem sobre as mesmas. E ao finalizar, o grupo conversa sobre como foi a sessão e sobre as repercussões pessoais do momento de encontro, buscando a aprendizagem através da experiência de superação trazida pelo grupo.
Importante dizer que este espaço trouxe à tona os sentimentos, as angústias, as alegrias, a partilha, a união. Enfim, trouxe o ser humano escondido em uma carapaça com todas suas expressões e conflitos. Este descortinar abriu para novas possibilidades para uma convivência mais harmônica e mais tolerante com o outro.